Mulheres parteiras em Teixeira de Freitas parte 02

Por Daniel Rocha *
As parteiras fazia uso de saberes ancestrais transmitidos pelas mais velhas, para auxiliar as gestantes em uma espécie de pré-natal, e não se resumia a isso, elas também realizavam partos e orientavam as mães sobre os cuidados a serem tomados pós-nascimento do bebê.

Em 1984, parteira Ana Marsília mais conhecida como Ana do Torquato, narrou sua história a Jeová Queiroz na publicação Teixeira de Freitas BA, lançada em 1985.

Conta o jornalista que a senhora Marcídia, foi a responsável por trazer muita gente ao mundo.Com cem anos de idade completos no ano da entrevista, a parteira destacou que nasceu na cidade do Prado, e começou a trabalhar como parteira aos 22 anos de idade. Como moradora do povoado, testemunhou o crescimento do mesmo.

“Vai fazer 27 anos que cheguei aqui. Tudo era mata. Só tinha a casa de Manoel de Etelvina, quer dizer casa mesmo feita de porta. O resto era barraca”.

Dona Ana era uma pessoa de destaque na comunidade, além de prestar assistência às mulheres pobres, também hospedava em sua humilde casa, os primeiros padres da cidade.
Lembra Frei Elias no livro, Os “desbravadores do Extremo sul” que ficou em um cômodo pequeno e desnivelado, que quase o fez cair no terreiro da parteira Ana Marcídia Dias.

Para Queiroz, ela disse que o primeiro parto que fez, foi da esposa do senhor Alcenor. Daí “encarreou” fez o parto de várias pessoas da sociedade teixeirense:
“Fiz dos mais ricos, e os da pobreza, nem se fala”.

Além de Ana outras parteiras atuaram no povoado nas décadas de 1960 e 1970. Um bom exemplo e o de Lourdes Cajueiro Correia, uma senhora de muito respeito que durante trinta anos exerceu a função de parteira.

“Fez mais de mil partos,” calcula o filho, Cajueiro Corrêa, que me entregou uma compilação feita por ele sobre a atuação da mãe na zona sul do povoado, afirma Cajueiro que ela atendia em uma parte da cidade e dona Ana em outra.

Além disto, dona Maria trabalhava como enfermeira e era constantemente  “chamada para cuidar de doentes, aplicado o conhecimento adquiriu ao longo da vida”.
Cuidava dos doentes sem pedir nada em troca, só por amor ao próximo, em uma comunidade (Teixeira de Freitas) que só era possível à presença de um médico a cada três meses e não demorava mais que três dias.
Dona Maria era amiga de Ana do Torquato, as duas trabalhavam sempre na realização dos festejos de São Sebastião, “no centro do povoado durante o mês de janeiro” é ocupava lugar de destaque na sociedade nas décadas de 1960 e 1970.

Natural de Juerana, distrito de Caravelas,Maria de Lurdes  nasceu no ano de 20/08/29,   faleceu no ano de 2005, na cidade de Teixeira de Freitas. Mãe de treze filhos,   esposa de Isael de Freitas Correa,  moravam na cidade desde quando era  conhecido por  Mandiocal.

Outra parteira atuante na cidade foi à dona Mocinha que fazia uso de conhecimentos religiosos, como as garrafadas, típicas da cultura afro.

O senhor Paulo diz que na década de 1980, sem dinheiro para levar a esposa em um médico, recorreu aos serviços da senhora, que acompanhou a mulher enquanto ele esteve parado.

Fontes:

HOOIJ, Frei Elias. Os desbravadores do Extremo sul da Bahia, Belo Horizonte, 2011.
FERREIRA,Susana. A vida privada de negros pioneiros no povoamento de Teixeira de Freitas na década de 1960. Uneb campus-x. Teixeira de Freitas BA, 2010.

BANCO DO NORDESTE, As origens. Teixeira de Freitas, Fortaleza – Ceará. P.05-07, Janeiro 1986
Texto de Cajueiro Correas ,  sobre Maria  de Lurdes Cajueiro.

Foto: A pioneira parteira Ana do Torquato.
Foto de Jeová Queiroz ,1985.

Daniel Rocha
Historiador, Bacharel em Serviço Social, Pós-Graduado em Educação à Distância (EAD), Cinéfilo e blogueiro criador do blog Tirabanha em 2010.
E-mail: danielhistoriador@tirabanha.com.br

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