Histórias de Teixeira de Freitas. O Cine Brasil




Por Daniel Rocha

Em 1977  foi inaugurado em Teixeira de Freitas o Cine Brasil. Moderno e bem projetado a sala logo caiu no gosto da população teixeirense. O cinema  que ficava na Avenida Antônio Carlos Magalhães, próximo ao Mercado Municipal, marcou uma nova era para os cinéfilos da cidade e o fim da primazia de um  hábito antigo.

 O filme exibido na estreia foi ``Sol Vermelho'' (1971) com Charles Bronson, um  autêntico``Spaghetti Western”, gênero de filme que predominou e fez bastante sucesso  na cidade durante a década de 1970. De acordo com Figão, a estreia foi disputada e contou com a presença de autoridades locais importantes.

Já durante os anos de 1980, consolidada como a maior sala da cidade,  um outro gênero  foi exibido com muito destaque, as comédias brasileiras estreladas pelo grupo televisivo  Os Trapalhões. De acordo com o gerente do Cine Brasil, o Sr. Jovelino da Costa, mais conhecido como Figão, o filme do grupo que mais  atraiu público pagante foi  “Os Saltimbancos Trapalhões” (1981) que levou à sala  2.500 pessoas por dia, recorde nunca batido. 

O público do Cine Brasil era composto basicamente pelos teixeirenses moradores da zona urbana e pessoas da zona rural próxima. O espaço do cinema também era aproveitado para apresentações artísticas como as peças teatrais organizadas pela professora Dona Luzia, programas de calouros e shows de artistas e bandas nacionais como The Fevers e a divulgação dos filmes eram feitas através das emissoras de rádio e dos jornais locais.

Porém, toda essa riqueza e diversidade cultural que movimentava a famosa sala, chegou ao fim quando uma nova sensação tecnológica chegou no país e na cidade, o  Videocassete, aparelho que popularizou no país o hábito de ver filmes em casa, levando à falência diversas salas de cinema de rua  pelo país.

"O cinema precisava evoluir como a cidade estava evoluindo, mas não conseguiu”. Destacou Figão ao trabalho monográfico sobre os cinemas da cidade em 2009. 

De acordo com Willian de Souza Vieira, que realizou uma pesquisa sobre o fim do cinemas de ruas na cidade do Rio de Janeiro, o fim da era de ouro dos cinemas antigos  foi provocado pela mudanças de comportamento, o processo de esvaziamento das ruas e a construção de um novo modelo de sociedade individualista.

“O fim do cinema de rua foi uma constante nas décadas de 1980 e 1990, elementos que nos remetem a questão da cidade moderna e principalmente aquilo que Caifas (2007) chama de esvaziamento das ruas, por conta de uma não ocupação dos espaços públicos, da construção de um modelo de vida e de relacionamentos que afastam as pessoas de uma convivência coletiva.”

No ano de 2013 o site tirabanha.com  e o departamento de cultura de Teixeira de Freitas homenagearam o lendário "Figão" do Cine Brasil com a entrega de uma placa de agradecimento pelos serviços prestados à cidade. A apresentação ocorreu durante a exibição do filme “Os Saltimbancos Trapalhões”,  no Cine Clube Sal na Pipoca. Emocionado, Fogão agradeceu o reconhecimento e a justa homenagem prestada.

Fontes:

ROCHA. Daniel; OLIVEIRA.Danilo. Cinema – Contribuições no Processo de Formação da Sociedade de Teixeira de Freitas nos anos de 1960, 1970 e 1980. UNEB, Campus X – Teixeira de Freitas – BA.

Daniel Rocha da Silva*

Historiador graduado e Pós-graduado em História, Cultura e Sociedade pela UNEB-X. Contato WhatsApp: ( 73) 99811-8769 e-mail: samuithi@hotmail.com

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